domingo, 20 de fevereiro de 2011

*O polvo: complexo? Nem tanto...

Hoje eu queria postar uma comida de amantes. Aquela que te arrepia os mamilos, que esquenta a cuca, emociona. Frutos-do-mar, pensei... Deparei-me então com o ingrediente enigmático: polvo, cheios de braços (ou seriam pernas?) e de uma complexidade que só se dissipa com o toque. Ah, o toque...


O polvo


Tem um pequeno ritual, como o pão, e seu ritual é simples e certeiro para quem deixa o medo do desconhecido do lado de fora da cozinha.


Primeiro descubra um bom fornecedor. Peça para limparem, assim você terá certeza que tudo o que comprou será aproveitado no cozimento.


Lave bem o polvo, até tirar toda sua viscosidade.


Depois de limpo você vai bater nele com um batedor de carne. Este processo não é fundamental, mas vai fazê-lo render.


Coloque o polvo em um saco, esticadinho e leve ao congelador ou freezer. O congelamento vai quebrar as moléculas do polvo e deixá-lo macio.


Descongele o polvo.


Encha uma panela com água e leve ao fogo até ferver.


Pendure o polvo num garfo, pelos tentáculos e mergulhe-o rapidamente na água fervente.

Agora dê uma duchinha fria nele. Outra quente e assim, sucessivamente. Isto é para que ele se acostume com a temperatura. O choque térmico também contribui para a textura macia. Quando você perceber que ele encolheu totalmente é hora de levá-lo ao fogo.

(Eu adoro fazer isso e, na real, nem sei se é preciso, depois do congelamento, mas eu curto).



Coloque numa panela de pressão meia xícara de água, meia xícara de vinho branco e o polvo. Não pense que colocou pouca água, pois o polvo soltará o suficiente para equilibrar essa mistura.Feche a panela e conte 15 minutos depois que pegar pressão.


Desligue o fogo, solte a pressão e abra a panela. Prove.


A carne deve estar macia, porém consistente. Se estiver dura, feche mais um pouquinho e deixe mais 5 minutos, até atingir o ponto. Está pronto!


Eu vou chorar se alguém disser que isso é difícil, juro!


A água do polvo pode ser usada para o caldo de frutos do mar, para cozinhar um rico arroz, para o que sua sensibilidade orientar.


*Publiquei esta receita originalmente em 2007, ano em que eu resolvi encarar tudo que me parecia difícil, do quarto a cozinha, passando pelo meu escritório que ficava entre os dois. A vida ficou tão mais saborosa...



Nenhum comentário: